“O canto da sereia” - Fic. capítulo 01

janeiro 04, 2016

’’Existe uma lenda que diz que uma bela mulher de lábios vermelhos te encontrara e te testara. Caso isso ocorra, você não terá chance de recuperação. Existe outra lenda dizendo que ela ainda está por aí, procurando o próximo alvo de seu canto. ”



DIA 1 – 04/01/2016

   Não sei como começar a explicar, não sei escrever um diário, ou algo do tipo. Mas senti que precisava me libertar disto, desse peso que esta em meus ombros, do sangue que escorre em minhas mãos.
   Tudo começou quando vi a minha mãe morrer, senti que meu coração dizia para eu a ajudar, mas só consegui ficar parada e chorar. Meu pai a estrangulou até a morte, ele gritava coisas horríveis e me mandava olhar para aquela situação como um ato de rebeldia da parte dela. Anos depois ele continuou com minha guarda, levando mulheres para casa, e me deixando morrer de fome.
   Aos 16 anos eu o encontrei estirado no chão bêbado, e então vi aquilo como um real “caso de rebeldia”, o arrastei até o quarto, usei o resto do álcool da garrafa e coloquei fogo em tudo que pude, sai correndo depois que o fogo já havia tomado conta de seu quarto. Aquela foi a ultima vez que vi alguém sentir pena de mim, aquele dia eu decidi que faria eles sofrerem, independente de bater, trair ou falar mal da sua mulher. Eu os encontro, e então canto os atraindo para uma bela e dolorosa morte.
   Não me orgulho do que estou escrevendo, e sim do que faço para vingar todas as mulheres humilhadas, castigadas, e rebeldes das redondezas. Meu apelido na imprensa é Sereia, mas não me ofendo, afinal elas são especialmente bonitas. Talvez seja o fato de eu os arrastar para o mar, essa é minha característica principal, acredito que ele limpa as impurezas de suas almas, e assim poderão se livrar de todo o pecado que cometeram. Mas é como dizem, sereias não são seres para se confiar, e sim para desconfiar. Então começo meu diário assim: Nunca confie nas pessoas, porque lá no fundo todos têm um pouco de sereia, só não deixam transparecer.
   Ouvi falar que se você escreve, as coisas negativas saem de você, e assim tudo ficará bem de novo. E para que isso aconteça deve ter detalhes. Caso você esteja lendo estou bem longe, e, por favor, não me odeie antes de ler este diário até o fim.

O BEIJO DA SEREIA
   A praia a noite é um lugar muito inquietante para mim, eu entro no mar todas as noites para pedir perdão por meus pecados. Mas isso não significa que alguém possa interferir em meu lazer. Aquele garoto de olhos verdes e cabelos negros me encaravam enquanto eu estava de joelhos na água. Eu insisto em dizer que neste dia foi o acaso que me fez o encontrar.
   Ele veio adentrando a água, a minha blusa branca estava colada em meu corpo, fui me distanciando até um lugar onde não tinha mais pé, e de onde não conseguia mais fugir. Ele se aproximou e falou baixinho:
-Porque está fugindo de mim? – Ele sorria.
   Continuei quieta, e vi seu anel de compromisso em seu dedo. Neste momento todas as lembranças vinham na minha mente. Minha mãe morrendo, o fogo, o mar, e tudo o que eu tinha vivido.
-Quem disse isso? – Sorri no mesmo instante e me aproximei.
-Podemos voltar? Não nado muito bem! – Ele sorria.
-Não se preocupe, eu cuidarei disto para você. – O abracei e comecei a cantar.
   Enquanto isso fomos mergulhando aos poucos, senti que ele estava com muito medo, mas não queria transparecer. O soltei e fiquei de mãos dadas tirando sua aliança, a coloquei em meu dedo e o virei. Quando o abracei por trás fui o enforcando até que ele parasse de se debater. Mas na costa de Coffin Bay existem muitos animais marinhos, entre eles o tão temido Tubarão, com minhas unhas furei sua garganta e nadei o mais depressa que pude.
   No dia seguinte levantei da cama e assisti ao jornal da manha. “Garoto desaparecido foi visto pela ultima vez em praia com sua namorada. ” Neste momento me sentei e senti um gelo percorrer meu estomago.
-Aqui estamos com a testemunha! – Dizia a mulher do jornal. – Conte-nos como ela era. – Ela insistia na notícia.
-Não a vi muito bem, só sei que ela saiu de lá sem ele. – A testemunha falou de costas para a câmera.

   Me senti feliz e realizada, aquele foi o real momento que eu decidi fazer o que eu faço, muito prazer Scarlett, 24 anos, médica e nas horas vagas assassina, ou melhor, a sereia.


OBS : BE FEARLESS <3

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